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A dieta BARF

Várias são as opções alimentares que nós humanos dispomos. Os nossos animais, mesmo que de uma forma menos ampla, também tem algumas opções alimentares. Se acha que ração seca e latas húmidas são as únicas opções do mercado, desengane-se.

Há muito mais do que aquilo que, ao longo dos tempos, nos habituamos a comprar para os nossos patudos. Hoje iremos falar de uma dieta que apesar de parecer recente é bastante antiga.

 

O que significa BARF?

BARF é o acrónimo inglês que significa Biologically Appropriate Raw Food. Em português é a sigla usada para descrever quem alimenta os animais com comida crua. A base desta alimentação consiste em carne crua, órgãos crus, ossos e cartilagens crus (inteiros ou moídos), vegetais e ovos crus.

Surgiu para tentar replicar o que o animal comeria no seu habitat natural. Preparadas em casa, adquiridas em lojas físicas ou online, em forma de preparado liofilizado ou congeladas, estas refeições encontram-se disponíveis de diversas maneiras.

 

Qual a origem da BARF?

Tudo começou nos anos 30 quando uma estudante de medicina veterinária, Juliette de Bairacli Levy questionou algumas abordagens convencionais da medicina veterinária e também da alimentação dos animais. Levy viajou pelo globo para aprender métodos mais naturais de tratamento de algumas patologias veterinárias e também para perceber como uma alimentação mais natural afetava tanto o gado como os animais de companhia.

Chegou à conclusão de que os cães eram mais saudáveis se comessem comida crua e natural. Esta prática era usual nesta década. Contudo, a partir dos anos 50, com o evoluir da sociedade, começou-se a cozinhar menos. Sendo isto válido para os seres humanos, também o era para os animais . Na década de 80 já praticamente todos os animais eram alimentados á base de comida processada (comida seca que a maioria de nós ainda dá aos nossos patudos).

Apesar de este tipo de alimentação ter caído em desuso, em 1993 o veterinário australiano Ian Bilinghurst publicou um livro que descrevia a BARF como a alimentação mais saudável. Foi dos primeiros médicos veterinários a relacionar alimentação com a saúde dos nossos animais. Foi nesta altura que a BARF começou a ganhar importância.

 

Que produtos posso utilizar numa dieta BARF

Diversos são os produtos que podemos utilizar nesta alimentação.

  • Carne crua (sem ossos) - Peito de frango, porco, vaca, cabritos, carne de caça, língua, entre outros.
  • Orgãos crus – coração, estômago, tripa, pulmão, moelas, entre outros.
  • Ossos e cartilagens - traqueias, orelhas, tendões, assas de galinha e pato, pescoço de galinha, pato e peru, patas de galinha e pato, carcaças de galinha e pato, costelas, entre outros.
  • Vegetais – Tomates, pimento, cenoura, batata, abobora, espinafres, brócolos, couve-flor, entre outros.
  • Ovos crus.
A dieta BARF

Benefícios da BARF

Os benefícios de uma dieta natural como a BARF são:

  • Mais palatável;
  • Aumento da energia e vitalidade;
  • Fácil digestão;
  • Aumento da massa muscular;
  • Diminuição de problemas de pele, ouvidos e dentes;
  • Pelo e pele mais saudáveis;
  • Maior hidratação;
  • Menor volume de fezes e cheiro menos intenso.

 

Desvantagens de BARF

  • Dieta pouco equilibrada – como a maioria das pessoas que opta por esta dieta não consulta um especialista, muitas vezes o seu animal não tem colmatadas todas as suas necessidades nutricionais. Se pretende experimentar este tipo de alimentação é aconselhável que consulte um especialista em nutrição animal.
  • Potencial fontes de infeção – a alimentação crua pode constituir um risco de saúde pública, pois os patudos podem excretar nas fezes bactérias e parasitas que podem ser transmitidos aos seres humanos. Estas bactérias e parasitas são transmitidas através de alimentos crus não devidamente higienizados, mal conservados e manipulados.
  • Complicações digestivas – na BARF os ossos são importantes fontes de cálcio e tem um efeito mecânico nos dentes, no entanto podem trazer complicações. Fraturar os dentes ao mastigar ou, se engolidos, provocarem uma obstrução intestinal são alguns dos riscos dos ossos. Mais grave ainda é quando os ossos ficam em pequenos pedaços ou lascas que podem provocar feridas na boca, órgãos internos digestivos ou até mesmo perfurar um destes, levando a uma situação de risco de vida do animal.

 

Cuidados a ter com alimentação crua

Quer experimentar esta alimentação com o seu animal? Ficam aqui algumas advertências e cuidados que deve ter.

  1. Animais a fazer quimioterapia, com doenças que afetam o sistema imunitário, ou que precisam de fazer uma alimentação especifica para um problema de saúde que apresentam (diabetes, pancreatite, hepatite, doença renal), não devem fazer este tipo de alimentação. O risco elevado de infeções (bacterianas e/ou parasitárias) e a dificuldade em controlar quantidades de alguns ingredientes fazem com que seja totalmente desaconselhável experimentar a BARF em alguns patudos.
  2. Tutores ou coabitantes com idades ou problemas de saúde graves (imunossuprimidos, idosos, crianças, doentes a fazer quimioterapia) não devem contactar com animais que façam BARF devido ao acrescido risco de infeções.
  3. Produtos de origem animal (menos os ovos) deve ser congelados a -20º C durante pelo menos 3 dias (para matar os parasitas) e devem ser mantidos congelados até uso. As bactérias são resistentes a este processo, portanto podem estar viáveis mesmo depois da congelação. Produtos descongelados não devem ser novamente congelados. Atenção a forma como armazena e manipula os produtos de origem animal.
  4. Animais jovens devem ter especial acompanhamento se optar por dar este tipo de dieta. Uma porção incorreta de cálcio e fósforo durante o crescimento pode provocar deformações ósseas graves e problemas de crescimento em geral.
  5. Qualquer animal que faça BARF deve fazer analises periódicas e checkups médico-veterinários para garantir que não existe nenhuma deficiência nutricional.
  6. Se quiser optar por esta dieta deve consultar um especialista em nutrição animal para desenvolverem um plano adequado para o seu patudo.
     

A BARF, apesar de ser uma alimentação mais natural, é também uma dieta que requer informação, consciência, esforço, dedicação. O desleixo ou simplificação excessiva podem ter consequências para a saúde do seu animal e de quem coabita com ele. Tendo vantagens muito importantes, também tem desvantagens que fazem com que não seja uma opção de alimentação para todos os animais, nem para todos os tutores.

Dúvidas?

Ficou com dúvidas? Não sabe se o seu animal se adequa para este tipo de alimentação? Já faz esta alimentação, mas quer fazer um check-up? Fale connosco! Vamos até ao conforto de sua casa!

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